20 de mar. de 2010

Encenação de Roda Viva, em 1967


O censor Chico Buarque

Quem diria, Chico Buarque proibiu a encenação de uma das suas mais famosas peças teatrais: Roda Viva. Dois grupos teatrais tentaram encenar o espetáculo que entrou para a história do teatro brasileiro mais pelo alvoroço que provocou, na época da estreia, do que pelo texto em si, em 1967.

Em 2005, a diretora teatral Patrícia Zampiroli tentou estrear a peça no circuito comercial, no Teatro Glória, no Rio de Janeiro, mas para tanto precisava da autorização de Chico Buarque. No entanto, Chico não permitiu. Neste ano, um outro diretor, o paulista Heron Coelho, tentou o mesmo. Chico não liberou os direitos para a montagem. A assessoria do artista respondeu ao novo pretendente dizendo que Chico considera que o texto não merece ser remontado por suas deficiências dramáticas.

A resistência de Chico em liberar Roda Viva provavelmente não deve apenas ao fato de o texto ter elementos datados. Existem também reais deficiências de construção dramatúrgicas. Em entrevista à revista Bravo! (edição deste mês), o pesquisador de teatro Kil Abreu disse que Chico Buarque não tolere novas montagens de sua primeira peça justamente por considerá-la uma obra juvenil. “O texto tenta equilibrar a individualidade, na questão do artista que precisa ser se rebatizar para ser assimilado, e o social, abordando os temas da época de crítica ao consumismo e à televisão”. Já o diretor José Celso que dirigiu a emblemática Roda Viva, em 1967, disse que Chico lutou contra a censura e agora está censurando sua própria peça.

À época em que foi encenada Roda Viva provocou o maior rebu, com ataques e reações violentas que culminaram em dois episódios de vandalismo. Depois de meses de sucesso no Rio de Janeiro, o espetáculo estreou em São Paulo, no Teatro Ruth Escobar. No dia 18 de julho, um grupo de baderneiros de direita que se auto-denominou CCC- Comando de Caça aos Comunistas – invadiu a sala ao término do espetáculo armado de cassetete, facas, soco-inglês e bombas de gás lacrimogênio , agredindo os atores e obrigando-os a fugir. O outro episódio de violência, ocorreria em Porto Alegre. As paredes do teatro apareceram pichadas de mensagens como “Fora, agitadores”, “Abaixo a pornografia” e “Comunistas”. Dois participantes do grupo foram sequestrados e abandonados em um matagal. A peça foi censurada logo em seguida e nunca mais foi encenada no circuito comercial.

18 de mar. de 2010

A fotografia promocional do Marilyn Monroe no filme Torrente de Paixão, de 1953


A estética futurista
de Andy Warhol

Beatle, Bob Dylan e Andy Warhol são os três nomes que definem a década que mudou tudo no século XX, os anos 60. Nas artes plásticas Andy Warhol (1928-1987) inventou uma estética a partir de sua visão excêntrica da sociedade de consumo, culto às celebridades e da exibição pública da vida pessoal, uma visão futurista que hoje em dia ganha contornos máximos. Um exemplo são os reality shows.

Começa, na próxima segunda-feira, na Pinacoteca de São Paulo, a exposição de 170 obras do mais célebre e festejado artista pop.

Entre as peças expostas estarão as mais festejadas e mais fortes no imaginário popular, como o retrato de Marilyn Monroe (Warhol adorava focar celebridades), as serigrafias das latas de sopa Campbell’s e os filmes chamados de Screen Tests (testes de tela).

Nos Screen Tests, Warhol de certa forma antecipou a superexposição da vida pessoal, como hoje acontece nos reality shows. O Screen Test trata-se de filmetes com cerca de três minutos de duração cada. Enquadrados em primeiro plano o focalizado era instruído apenas a encarar a câmera (veja abaixo um Screen Test com o envergonhado Bob Dylan fumando). O espectador sente o mesmo misto de vergonha alheia a sadismo que experimenta, por exemplo, diante do Big Brother.

Preconceito brabo
contra Richarlyson

Vaias das arquibancadas, ofensas dos adversários, ameaças de morte. Nenhum atleta brasileiro joga sob tanta pressão quanto Richarlyson. Ele é craque em campo, mas até a torcida são-paulina pega no seu pé. O jogador do São Paulo é hostilizado onde joga por conta de rumores que ele seja homossexual. Sem jamais ter assumido e tendo inclusive negado que seja gay, o atleta até está se recusando de dar entrevista sobre o mais recente episódio: um vídeo (veja abaixo) em que ele aparece ao lado da cantora Shirley Carvalho, cantando “Eu nunca estive tão apaixonado”, de Fábio Jr. No primeiro dia que saiu no You Tube, ele foi hostilizado no Morumbi.

Entre as principais polêmicas que Richarlyson se envolveu, uma delas ficou por conta do diretor do Palmeiras José Cyrillo, em 2007, que deu a entender na TV que o jogador era homossexual. O caso foi parar na Justiça e resultou numa sentença homofóbica e desastrosa do juiz que acabou suspenso.

A outra confusão aconteceu durante as férias de fim de ano, Richarlyson apareceu com apliques no cabelo. O novo visual causou a fúria de torcedores, e o jogador recebeu ameaças. O próprio resolveu cortar os cabelos.

Todavia, em meio a tantas hostilidades o craque continua titular do time com dedicação e muito talento.

Grande Richarlyson (que inclusive já jogou por aqui no Fortaleza).

17 de mar. de 2010

Era apenas mais um jogo do futebol, mas um fato inusitado transformou o zagueiro suíço Stephan Keller, do Sydney FC, no centro das atenções da mídia australiana

Essa, eu vi no Kibeloco

Rita Lee, na ponta da língua

Irreverente, como sempre, a roqueira Rita Lee (que realizará turnê a partir de maio) deixou de lado a guitarra e falou sobre a sucessão de Lula: “Em Dilma não voto, pois tem cara de professora primária braba; Serra me lembra um tio que só ligava para dizer quem morreu na família; Marina, me dá vontade de pegar no colo e dar sopinha na boca; Ciro é bonachão, prefiro Patrícia (Pillar)”.

16 de mar. de 2010


Macaco inteligente

Estreia nesta quinta-feira, às 22 horas, no Discovery Channel, a superprodução Vida, documentário que esquadrinhou paisagens de todos os continentes, colhendo imagens nunca registradas na vida selvagem. O programa mostra animais como o sapo da Venezuela capaz de rolar montanha abaixo como uma bola para escapar de uma aranha predadora.

Também tem imagens da serra da Boa Vista, no sul do Piauí, onde vivem, em tocas, os macacos-prego. A espécie habita todo o Brasil, da fronteira com a Venezuela até o Rio Grande do Sul. Mas os macacos-prego do Piauí são especiais. São o único entre todos os bandos das 120 espécies de primatas das Américas (no mundo são 350) a usar ferramentas.

As ferramentas dos macacos-prego são pedras, usadas como martelos para abrir cocos, colocados sobre grandes pedras planas, que servem como bigornas. Eles arrancam com os dentes a casca do coco verde e o largam a secar no sol. Uma semana depois, o coco seco pode ser aberto – mas só com a ferramenta correta: uma pedra mais dura que o coco.

Os filhotes de macacos-prego levam até oito anos para aprender o ofício (vivem até 25 anos). Ao brincar de copiar os pais, os filhotes aprendem a dar golpes certeiros e escolher as pedras corretas. O aprendizado lembra o de uma criança.

Hitler engrossa
contra o iPad

Já postei aqui vários vídeos parodiano uma cena de Adolf Hitler, no filme A Queda! –Os últimos dias de Hitler (diretor Oliver Hirschbiegel), sobre os últimos doze dias que antecederam o suicídio do principal nazista, em abril de 1945. A cena mostra o führer já arrasado diante da iminente derrota e explode em fúria contra seus generais mais próximos.

Pois bem, aquele momento é campeão de audiência no You Tube, mas em versões diferentes do original. Tudo brincadeira de internautas que colocam legendas sobre assuntos em voga.

Agora, chegou a vez do objeto de ódio ser o iPad. Na gozação, Hitler fica enfurecido quando seus generais informam ao ditador que o recém-lançado tablet da Apple não funciona como telefone, não fotografa e não visualiza sites.

Está engraçadíssimo. Vejam o vídeo:


A Gaiola das Loucas
Hoje, algumas relembranças do meu tempo crítico de teatro reascenderam quando soube que o musical A Gaiola das Loucas, de Jean Poiret, volta aos palcos. O clássico quando passou por aqui há mais de 30 anos causou o maior furor por conta do exacerbado preconceito contra a temática da peça: um jovem diz ao pai, um homossexual casado com uma travesti, que seus futuros sogros vão jantar na casa e eles precisam fingir que são uma família normal.
O mundo mudou, o olhar das pessoas sobre a homossexualidade é diferente de 40 anos atrás, quando a peça foi encenada pela primeira vez, embora ainda continuam resquícios preconceituosos e violentos.
O espetáculo está em cartaz no teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro, e encenada por Diogo Vilela e Miguel Falabella.