8 de ago. de 2009




Passando o tempo com o bebê e um Boxer, num meigo contato.
Bombou na Web
nesta semana




Homenagem do Bombou ao diretor e roteirista John Hughes (1950-2009) morto no último dia 6. Poucos cineastas influenciaram tanto a juventude dos anos 80 (eu estava lá…). Acima, uma das cenas mais marcantes de sua filmografia: O adorável desajustado Ferris Bueller (Matthew Broderick) tirando onda ao cantar a versão dos Beatles de “Twist and Shout” (Bert Russell e Phil Medley) em Curtindo a Vida Adoidado.Depois da morte de Hughes, esse vídeo passou a figurar entre os mais vistos do mundo.
Fonte: revista Época



Torcedores pressionam

Ronaldinho Gaúcho e

Dida a deixarem discoteca




“Alguns torcedores do Milan obrigaram o meia-atacante brasileiro Ronaldinho a abandonar a discoteca na qual estava, recriminando o fato que o jogador estivesse se divertindo em vez de descansar antes de um treino.
O jornal italiano La Gazzetta dello Sport informou hoje que os torcedores encontraram o atacante e o goleiro Dida em uma danceteria de Milão. Em vez de pedirem autógrafos, eles mostraram seu descontentamento pelo comportamento dos atletas.
Os dois jogadores decidiram deixar o local após a pressão dos torcedores milanistas. O time rossonero passa por uma má fase na preparação para disputa do Campeonato Italiano, perdendo alguns amistosos como contra a Inter de Milão, nos Estados Unidos, e sendo goleado pelo Bayern de Munique”.



Li essa matéria, hoje, no portal Terra, e fiquei a imaginar o quanto, alguns ídolos do futebol brasileiro e mundial são irresponsáveis fora de campo. Ronaldinho Gaúcho e Dida são campeões mundiais pelo Brasil, na Copa de 2002, no Japão. Estão na história do futebol. Mas, esse tipo de comportamento é bem de craques brasileiros que vivem aprontando pelo mundo a fora. E isso vem de muito tempo, principalmente e na maioria dos casos com jogadores que ganham fama de forma repentina, sem formação moral ou intelectual, saídos de famílias humildes e quando chegam ao estrelato ficam sem referencial para enfrentar tantas mudanças em suas vidas.



A galeria de exemplos é enorme. Vejamos alguns casos:


Heleno de Freitas – um dos mitos do futebol brasileiro
dos anos 40, do século passado, chegando a jogar pela seleção brasileira. É considerado o primeiro “jogador problema” do pebol.
Sua vida foi marcada por vícios em drogas. Boêmio, era frequentador assíduo de buates do Rio de Janeiro.









Canhoteiro – Maranhense, foi revelado para o mundo do futebol, jogando, aqui, em Fortaleza pelo América. Depois, foi para o São Paulo, onde se tornou uma das principais estrelas. Convocado para a seleção brasileira para a copa de 1958, jogou várias partidas, antes do campeonato mundial. Chegado à boemia, dias antes de viajar tomou um porre daqueles e por isso foi cortado do elenco. Depois, nunca mais foi o mesmo. Morreu alcoólatra.





Garrincha – Campeão do mundo duas vezes (1958/1962). É considerado com o maior jogador de todos os tempos do futebol, melhor até do que Pelé, segundo muitos analistas. Porém, teve a carreira truncada por conta da bebida e vida desregrada. Morreu alcoólatra.




Romário – A vida fora de campo do baixinho, campeão de mundo, em 1994, nos Estados Unidos, sempre foi atribulada, por conta de escândalos, noitadas e confusões do craque. Recentemente, foi preso por não pagar pensão alimentícia.







Adriano, o imperador – Jogou em vários clubes italianos. Chegou a ser ídolo. Mas, sempre armando confusões. Fugia da Itália, e vinha para o Brasil, participar de bebedeiras com seus amigos de uma favela, no Rio de Janeiro. Hoje, está jogando pelo Flamengo, mas, cometendo as mesmas danações noturnas.







Clodoaldo – esse outro baixinho, craque da bola, foi um dos maiores ídolos do futebol cearens. Porém, a danada da cachaça sempre atrapalhou a vida futebolística do craque.



Resumindo o caso do Ronaldinho Gaúcho e do Dida: que bom se a moda dos torcedores italianos, obrigando os jogadores a se retirarem dos badalos noturnos, fosse copiada por torcedores de times brasileiros. Pelo menos muitos bebuns, que enganam a torcida, assumiriam de vez o copo e a vida pregressa fora dos gramados.





Passando o tempo com o fantástico Bobby Macferrin. O cara é simplesmente genial.

7 de ago. de 2009


Um rock meio meloso
Fernando Catatau, além de ser um dos guitarristas mais instigantes da música brasileira, por onde ele anda, nos shows, em entrevista, sempre cita suas origens, daqui de Fortaleza. Nas entrevistas, Fernando relembra de seus primeiros acordes, as primeiras influências, de Fagner, por exemplo, dos bingos com farofa e pedaços de galinha rolando, do carimbó, do forró, da beira-mar, das apresentações primeiras ao lado da igreja do Mucuripe. Um sujeito com os pés plantados na terra de “Iracema”.
O guitarrista ganhou notoriedade por unir de forma plena e suave solos de guitarra afeitos ao rock progressivo com a música romântica, carimbó, funk e música eletrônica. Escutemos, pois, um rock meio meloso.



Gente, dá licença


Fugindo das regras deste blogueiro, que tenta ficar antenado com quase tudo, desejo compartilhar com vocês da supimpa felicidade que me banhou, na noite da última quinta-feira.


Naquele dia, meus colegas de trabalho fizeram o meu “bota-fora!” Estou saindo da Assessoria de Comunicação Social do Tribunal Regional do Trabalho para a Assessoria de Comunicação do Fórum Autran Nunes.


Sei, muito bem, que repórter não deve aparecer, e sim a notícia.


Aqui, quebro esse dogma. Só porque fiquei feliz, pelo carinho dos meus amigos e amigas (e também familiares), na despedida que me proporcionaram. E a Bruna, estagiária lá na nossa turma de jornalistas, me passou um e-mail, relatando o acontecido.



Ela fez fotos e comentou:

“Prezados:
Embora não façamos parte do ilustre corpo diretivo desta colenda corte, tenho a honra de compartilhar um dos nobres momentos junto aos que fazem (ou gostariam de fazer) esta humilde Assessoria de Comunicação. Finalizando o encontro com a pauta "felicidade" (melhor tema não poderia ser eleito para fechar a noite com chave de ouro), e depois de confabularmos pura filosofia etílica, gostaria de lhes confessar: apesar de tudo, cada um de vocês, cada um a seu modo, traz um pouquinho da felicidade para o nosso ambiente de trabalho, seja com batucadas, assobios, gritos de guerra "Aí negada!", chocolates para "meus amigos e minhas amigas", momento musical (em especial, o dueto Paulo e Antonio Carlos cantando "O melhor do século passado")... enfim... Como a única representante da figura feminina na repartição, posso dizer: Cavalheiros, vocês são um "shopping center"! Uma autarquia!” .
Obrigado, a Bruna”.


Obrigado, digo eu, à Bruna, ao Antonio Carlos, ao Luis Carlos Martins, ao Odenis, ao Paulo Sérgio, às minhas filhas (Bárbara e Eliégia), à minha mulher Cenira, ao casal Chico Rocha e Mana, ao garçom Edinaldo (“Minha Joia)...todos que estiveram lá na Churrascaria “Boi nos Ares”...



Vixe! Estou, parecendo artista quando ganha o Oscar e manda alôs pra deus e o mundo. São momentos da nossa vidinha.



A felicidade até existe.

6 de ago. de 2009




Quando o escritor e jornalista Eduardo Campos (1923/2007) faleceu, fiz uma homenagem a ele, pois além da nossa amizade, ele era um dos colaboradores da Singular. E republiquei uma de suas crônicas, das mais sublimes, focada nas lembranças da sua infância, na Fortaleza “descalça”, com dizia o poeta cearense, Otacílio de Azevedo.




A Sé, a mãe e o menino
Eduardo Campos



Vejo-me em companhia de minha mãe. Estamos em meados dos anos 30, quando senhoras não deviam ir à rua, desacompanhadas. O menino que estava em mim – preserva até hoje – sentia-se feliz, a essas horas, a ver-se tal um adulto, fiel guardião da Isabel Eduardo, a cumprir a obrigação de sair de casa aos sábados, para a sempre aguardada reunião das Mães Cristãs.




Nós dois, dama e menino, caminhávamos pelo passeio, no caso a Rua Castro e Silva, e se mais demora, pois morávamos na Rua do Imperador – estávamos desaguado no amplo espaço, sítio tomado pela Catedral, vestuta edificação, já então maltratada pelo tempo, mas a perseverar como a principal Casa do Senhor, a Sé, de Fortaleza.




Antes, o ritual cumprido pela minha mãe, o de ir ajoelhar-se ao pé do Cruzeiro, atitude de evidente reverência, compartilhada pelo meino que a imitava, a repousar os joelinhos ao chão, o que fazia, valha-me dizer por agora, sentir nojo da abundância de pingos de velas choradas sobre o piso encardido, pois não faltavam velas ardentes ali, a qualquer hora da noite ou do dia, indiferentes ao sopro do vento.




Outro ritual, em sequencia : nossa entrada fazia-se pela porta direita, àquele instante (dez da manhã), pois a do centro, a principal da nave, permanecia cerrada.




Antes de nos tornáramos inquilinos da aura religiosa, do conforto espiritual que navegava no bojo silencioso da Catedral, eu previa que antes mesmo de adentrar ao corpo principal do templo, a Isabel acudir-se-ia de pequena pedra de márore, espécie de bacia presa à parede, onde pescava sumidos resquícios de água benta.




“Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo...”a Isabel Eduardo dizia, presumível senha para que eu repetindo-lha a oração, fosse acolhida por Deus.




Passeávamos vagarosamente em direção ao altar-mor, suntuoso, empanumbrado a esse momento, e mais adiante, já indo tomamos à esquerda, que ali, nesse lugar, demorava a sala – seria a sacrestia? – onde outras senhoras aguardavam.




Minha mãe então me dizia: “Seja bonzinho. Vá, se sente no banco... não demoro muito”. E demorava, que a medida do tempo em igreja decorre lento, e como acontecia àquele instante, sem música, sem vozes, a vida parecia ensonada...




Passados tantos anos, tento em vão recordar a majestade da Catedral, aquele mundo de igreja apreciado medrosamente pelo menino, que sem saber perdia a oportunidade de avaliar-lhe a altura do forro, a largura das colunas, a cor, o brilho dos ladrilhos, ou a feição resignada das imagens, de principal a do Senhor Morto, a mesma que dali, do altar, que ficava à esquerda, partia para a mais aguardada das procissões, espetáculo que trazia ao passeio a multidão, ávida por desfiles religiosos, não raros, por esses dias, a marcar as emoções da urbe de pouco mais de 130 mil viventes.




Tempo em que o Seminário abençoava a fábrica de compenetrados rapazes, padrecos como que saídos de uma recordação da Idade Média, armados em seus roquetes brancos e exemplarmente alinhados em duas compridas filas, movimentam-se com vaidade e competência.




Ainda hoje, acode-me aos ouvidos o ruído da matraca, e tomam-me o nariz os muito bons cheiros de nuvens de incenso libertados de fascinante turíbulo prateado, a fumegar energicamente tangido não pela mão do seminarista vestido de vermelho, mas do próprio menino, que eu era, a ver-se assim figurado...




Foi-se a Catedral, a Sé de minha mãe, a Sé de todo um abençoado tempo de obediência a Deus.




Foi-se a construção centenária, sob a ação rude e atrevida de picareta, pás e marretas. Não tão de repente, mas acabou em escombros. Em pó.




Como nós outros, a Catedral era também uma criatura, tornou ao chão, que a terra era, e virou pó.

5 de ago. de 2009




Olhem aí que bela parceria entre dois gênios ( Disney e Salvador Dali) que surrupiei do Let's. Uma obra de arte, essa animação.
Dunga detona Galvão Bueno
e companhia
Na edição deste mês da revista Placar, o técnico da seleção brasileira, Dunga, detona o decantado poderio da Globo, numa entrevista que concedeu ao jornalista Milton Neves, durante a recepção do casamento de Robinho.

Sobre o a sua recusa em privilegiar os repórteres da Globo:

"É verdade" (ao contrário de outros ex-treinadores da seleção brasileira) "tanto que o Galvão Bueno já me ligou reclamando sem razão de veto meu à participação de jogadores nos programas dele. Mas, pô, o programa era a 1 da madrugada no país em que estávamos! Disse que ele reclamasse com o Ricardo Teixeira. Aliás, Milton, os repórteres da Globo chegaram atrasados em quatro coletivas minhas logo cedo. Eu não repito coletiva".

Sobre o desafio da seleção, respondeu com uma certa esnobação:

"Eu não precisava dar certo na seleção para mim, eu assumi para o bem do futebol do futebol brasileiro. E faço questão de dizer: 'Eu dei certo', ao contrário do meu crítico contumaz, o Falcão. Aliás para descobrir a primeira vitória dele na seleção, eu precisei consultar a internet. Pois vc precisa ver como ele me detona no Zero Hora. E depois dizem que nós, gaúchos, somos corporativistas"....


A Lua não é mais dos namorados e nem dos poetas. Tem novos donos.
(Colaboração do Ricardo Machado)




Passando o tempo...

Agora com uma singela historinha em quadrinhos dos gêmeos Fábio Moon e Gabriel Bá e narada por eles. Os caras são feras e abriram caminho para as HQs brasileiras autorais, no mercado estrangeiro.
5 de agosto de 1954 (1)


O atentado da rua Tonelero


55 anos, um episódio foi estopim para uma tragédia que mudou a história do Brasil, com o suicídio do ex-presidente Getúlio Vargas. Na noite daquele cinco de agosto de 1954, o jornalista Carlos Lacerda sofria um atentado, em frente à sua residência, na rua Tonelero/Rio de Janeiro, tendo sido assassinado o seu segurança, o major da Força Aérea Brasileira, Rubens Vaz. O jornalista foi atingido de raspão, no pé. Carlos Lacerda fazia oposição violentíssima contra o governo de Getúlio Vargas e na manhã seguinte, em seu editorial, no jornal Tribuna da Imprensa escreveu:

"A visão de Rubens Vaz, na rua, impede-me de analisar a frio, neste momento, a hedionda emboscada desta noite. Mas, perante Deus, acuso um só homem como responsável por esse crime. É o protetor dos ladrões, cuja impunidade lhes dá audácia para atos como os desta noite. Este homem chama-se Getúlio Vargas."
Durante a investigação que se seguiu, demonstrou-se que a bala que atingiu o major era de calibre 45, arma de uso privativo das Forças Armadas. Em poucos dias chegava-se a dois suspeitos: Alcino João Nascimento e Climério Euribes de Almeida, homens da guarda pessoal do presidente, e ao mandante do crime, Gregório Fortunato, chefe da guarda e guarda-costas de Getúlio desde a época do Estado Novo.
O episódio abalou profundamente o governo de Getúlio, culminando com outra tragédia, no mesmo mês de agosto, dia 24.
5 de agosto de 1954 (2)




Casamento de Ingeborg
com o filho de Getúlio,
Lutero


Carícias entre duas
mulheres provocaram
o suicídio de Vargas?

O que tem a ver um caso amoroso entre duas mulheres com o suicídio do ex- presidente Getúlio Vargas? Cinquenta anos depois do episódio mais dramático da história republicana, a hipótese foi levantada, em 2004, pelo jornalista e historiador gaúcho Juremir Machado da Silva, no seu livro Getúlio (Editora Record). A personagem principal do envolvimento é a alemã Ingeborg ten Haeff, que foi casada com o filho mais velho de Vargas, Lutero, com quem teve uma filha, Cândida Darcy. Ingeborg, atualmente aos 89 anos de idade, é artista plástica e mora nos Estados Unidos.
Na entrevista à Singular, (publicada em novembro de 2004) o autor do livro, além de revelar detalhes da investigação sobre o caso da alemã, aborda o protagonista principal e outros personagens vinculados direta ou indiretamente a momentos tormentosos da história do Brasil.




Getúlio com
a nora,
Ingeborg
A ENTREVISTA
É possível acreditar que a alemã Ingeborg ten Haeff, casada com Lutero, foi o pivô do atentado da rua Toneleros, fato que iniciou o calvário de Vargas, culminando com o suicídio?

É uma hipótese bastante rica e confortada por depoimentos. Lutero Vargas era a vítima preferencial de Carlos Lacerda, que o considerava “ladrão, corrupto, covarde e bêbado”. Ingeborg foi mandada embora do Brasil, em 1944. Durante muito tempo ignorou-se a razão do final abrupto do seu casamento com o filho de Getúlio, com quem teve uma filha. Décadas depois, Emmanuel Nery, filho de Adalgisa Neri e enteado do todo-poderoso Lourival Fontes, o homem do DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), escreveu que Inge tinha sido expulsa por ser uma espiã alemã a serviço do nazismo. A explicação nunca convenceu ninguém , pois Inge foi morar nos Estados Unidos, onde nunca foi incomodada pela autoridades. A razão da expulsão teria sido outra. Inge era uma mulher avançada para o seu tempo e ter sido pega por Lutero, trocando carícias, na cama, com outra mulher. Foi, certamente, o estopim do divórcio. Mais tarde, os americanos teriam municiado Lacerda com essa informação. Lutero temia que ela se
tornasse uma manchete, na Tribuna da Imprensa.

E onde o senhor descobriu Inge?
Entrevistei, em São Francisco de Assis, um ano antes de sua morte, Cândida Darcy, a filha de Inge e Lutero. Finalmente, descobrimos, em Nova Iorque, a própria Inge, aos 88 anos de idade. Artista plástica reconhecida, ela expôs, entre maio e junho deste ano, a retrospectiva de sua obra. Assim como Olga Benário, Inge foi uma revolucionária do comportamento. Sua passagem pelo Rio de Janeiro foi um furacão que abalou a província. Antecipou Leila Diniz em mais de vinte anos.


Ingeborg artista
plástica reconhecida
nos Estados Unidos
5 de agosto de 1954 (3)






Um tiro mudou o rumo da História

O episódio da rua Tonelero, mais o abandono pelos militares, burocratas e até pelo seu vice-presidente Café Filho, fez com que Getúlio Vargas, depois de uma tensa reunião que terminou nas primeiras horas do dia 24 de agosto de 1954, tivesse uma única saída: renunciar.Porém, Getúlio mudou o rumo da história: por volta da cinco horas da manhã, segundo sua filha Alzira Vargas, o presidente sozinho em seu quarto disparou o tiro fatal.
O Repórter Esso, com audiência comparada a do Jornal Nacional, noticiou o fato em edição extraordinária. Foi uma comoção nacional.
Houve quebra-quebras e incêndios em sedes de jornais contrários a Vargas. Até a Embaixada Americana foi apedrejada. Os adversários de Vargas caíram em desgraça.
À medida em que a carta-testamento de Getúlio chegava aos ouvidos dos brasileiros pelas rádios, a dor do povo surgiu como manifestação de indignação e revolta contra os adversários de Getúlio, tomando as ruas de norte a sul da Nação.
O sentimento nacional sepultou um golpe militar. O udenista Carlos Lacerda, declarado opositor de Getúlio, foi obrigado a fugir para o exterior. E assim, o período getulista, iniciado em 1930, que buscava com seu projeto e ideologia trabalhista, a modernização nacional, chegou ao fim.
O golpe que os militares tramaram em 1954 para chegar ao poder, derrubando Vargas, foi adiado e concretizado 10 anos depois, no dia 1º de abril.
Mas, isso é outra história.

4 de ago. de 2009





Lembranças do Parque
da Capivara
(algumas boas)
Li na revista Veja desta semana matéria sobre vandalismos nos sítios arqueológicos brasileiros e que ameaçam fazer desaparecer fases da história mais antiga do homem: a pintura rupestre.
E lendo o relato, minha memória foi pousar lá nos escaninhos das minhas lembranças de repórter especial do jornal Diário do Nordeste. Fiz uma série de reportagens sobre pinturas e inscrições pré-históricas, passando por sítios existentes na Região Norte do Ceará, seguindo depois para Sete Cidades e terminando em São Raimundo Nonato (1.286 kms de Teresina, na divisa com a Bahia), onde está encravado o Parque Nacional Serra da Capivara. Entrevistei a francesa Niède Guidon, diretora do Parque. Lá o vandalismo praticamente não existe, pois só se permitide visitação com acompanhamento de guia devidamente treinado. Um exemplo de responsabilidade e zelo pela história. O Parque é considerado pela Unesco como Patrimônio Cultural da Humanidade.
Porém, um acidente de trabalho quase pôs tudo a perder. O fotógrafo que me acompanhava gastou rolos e mais rolos de filme (naquela época ainda não era utilizada a câmera digital). Depois, de quase um mês de viagem, chegando, em Fortaleza, o filme, por questão de segurança, foi revelado no laboratório fotográfico da Aba Film.
Quase caí da cadeira quando vi o resultado: das, quase, setenta imagens, só prestaram duas ou três. Filme velado, interferência de luz. Uma tragédia. A minha sorte é que trouxe da viagem catálogos e publicações do Parque Nacional. Foi o jeito eu me virar com as reprouções.

E, não havia, à época, o banco de imagens do Google.

Logo mais, quando a noite chegar, estarei lá no Ideal Clube, brindando os 25 anos de fundação do Grupo Chocalho e o lançamento da revista Badalo. Ações Poéticas constam também da noitada literária.
Vida longa para o incansável Auriberto Cavalcante, para o Chocalho e seus pares.

Passando o tempo com o cabeção...

3 de ago. de 2009





Conheço variadas interpretações de Ave Maria, do cavaquinho à orquestra sinfônica. Nunca tinha visto uma execução assim, tão bela quanto original, por Bobby Mcferrin.

"Bobby McFerrin é um cantor com forte influência de jazz.
Gravou vários clássicos do jazz da música erudita, além de outros gêneros. Fez grande sucesso sua canção Don't Worry, Be Happy, em 1988, ano em que venceu um Grammy.
Nascido no Reino Unido, mas radicado em Nova Iorque, é filho do renomado barítono operístico Robert McFerrin (o primeiro cantor negro de prestígio na ópera). É muito conhecido por sua enorme extensão de quatro oitivas e por sua habilidade de usar a voz para criar efeitos diversos.
Além das performances ao vivo, McFerrin criou álbuns em que é o único músico, cantando e simulando instrumentos. É também capaz de entoar canto difônico -- prática muito comum em países asiáticos como Tuva -- em que o cantor produz intervalos harmônicos e acordes a partir de uma só voz".
Fonte: Wikipédia




alguns dias postei a letra e o próprio autor de uma das mais músicas mais conhecidas no mundo: Ne Me Quitte Pas, de Jacques Brel (1929/1978). Hoje, vi no blog do Ricardo Noblat um vídeo e não me aguentei: Maurice Bejart (1927/2007), um dos maiores coreógrafos do século XX, homenageou Brel e a cantora Barbara com um espetáculo onde se juntam as imagens dos artistas e as coreografias baseadas na composição.



No vídeo , Ne Me Quitte Pas, interpretado pela companhia de Bejart com a melodia cantada por Jacques Brel em filmagem feita em 2005. A solista é uma das estrelas descobertas por Bejart, Elisabeth Ross.

2 de ago. de 2009

O beijo

O compositor pernambucano Lourenço da Fonseca Barbosa, o conhecido Capiba esteve aqui, em Fortaleza. Veio passear em casa de amigos (o cantor José Auriz e Maria César). Estava tudo acertado para eu entrevistá-lo, saber da vida dele, o que pensava um dos maiores compositores de frevo e de algumas músicas românticas. Houve um imprevisto, e acabei não o entrevistando. Eu queria, por exemplo, conhecer um pouco da alma do poeta ( e se é possível isso) e desvendar um dos versos mais lindos do cancioneiro nacional. Não consegui, pois ele foi embora. E nunca mais voltou, pois Capiba morreu anos depois (1997).
Porém, ainda guardo na lembrança este verso lindíssimo, da música Maria Bethania:


sinto, também saudades do beijo que nunca te dei...




Davy Nascimento


Certo dia, uma pessoa ligou, aflita, para o fone 32251979, implorando para ser orientada de como organizar a “tabelinha” de ciclo menstrual, prevenção ou planejamento da gravidez. Só que do outro da linha quem atendeu não foi um ginecologista. O atendente estava preparado, isto sim, para dirimir dúvidas sobre a Língua Portuguesa. O exemplo citado faz parte dos casos inusitados, registrados pelos plantonistas do Plantão Gramatical. Completando, quase, 30 anos de funcionamento, o Plantão já dissipou mais de 550 mil dificuldades. Com a implantação do novo Acordo Ortográfico, o serviço aumentou.




Já houve casos também (vários, segundo os próprios professores) de consulentes que recorrerem ao serviço em busca de explicações sobre o teor de laudos médicos. “Quando entendo que aquele problema é muito grave ou se trata de tumores malignos, eu não digo.” Justifica o professor Francisco Marino Neto (o mais antigo do atual quadro de docentes plantonistas, com dezesseis anos de serviços prestados ao Plantão). “Se a pessoa quiser, é só procurar no dicionário. Apenas digo que é um tumor. A minha formação emocional, moral, religiosa e profissional não me permite dizer por telefone um problema dessa gravidade.




Muita gente também liga pra cá com dúvidas que podem ser resolvidas facilmente com uma lista telefônica”, adverte a professora Helena Sampaio. “Muita gente também quer confirmar questões de apostas entre amigos. Quando perdem, dizem ‘professora, não me diga uma coisa dessa!’. Agora, quando a aposta é ganha, eu, brincando, peço a minha parte do que foi apostado”, diverte-se a professora. “Ah, tem gente que quer saber a cotação do dólar e liga pra onde? Pra cá. Aí, eu explico ‘meu filho, aqui a gente sabe tudo sobre gramática, português, literatura’. “A gente vê de tudo nesse Plantão, viu”, realça a professora aposentada Hélia Benevides, plantonista há 11 anos.




Plantão Gramatical. Bom dia!” Após esse cumprimento, ao telefone, que é de praxe feito pelos oito plantonistas, do outro lado da linha surgem as mais diversas interrogações. A professora Helena reclama: “O pessoal acha que a gente é computador. Nem sempre, as respostas estão prontas. Você sabe a respeito do que eles perguntam, mas, às vezes, você precisa organizar as informações, as ideias. Uma vez, aconteceu o seguinte: uma pessoa ligou pra cá querendo saber o que significava ‘Fenolftaleína’. Fiz uma rápida pesquisa no computador e respondi que era uma ‘substância cristalina, incolor, solúvel em álcool, usada como indicador’. Aí, a pessoa perguntou






Mas o que é indicador?’. E isso foi se estendendo, se estendendo, com perguntas muito específicas, até eu explicar pra pessoa que só tinha uma linha de telefone e que precisava responder as dúvidas de outras pessoas. Por isso, limitamos em três minutos o atendimento a cada consulente”, justifica.




Uma estudante, segundo supõe a professora Helena, teria que reescrever a frase: “Colgate, o creme dental mais eficaz contra o mau hálito”, e queria uma sugestão. A professora, rapidamente, respondeu: “Você precisa entender o contexto em que essa marca de creme dental está inserida. Nesse caso, a frase poderia ficar: Colgate, o mais eficaz dentre os cremes dentais contra o mau hálito”.




O telefone tocou novamente. Dessa vez, quem deu conta foi a professora Hélia. O consulente queria saber o que significava a expressão “de cor”. A professora explicou que é “algo que se sabe de memória, muito bem, muito a fundo”.




Num dos telefonemas atendidos pela professora Helena, um consulente queria saber qual a forma correta de se escrever a palavra “alforria”. Após esclarecer a dúvida, a professora explicou que esse caso é um exemplo de dúvida de Ortografia.




A professora Helena atendeu outra ligação. Do outro lado, a pessoa questionava como seria a melhor maneira de escrever, dentre as frases ‘Isso aconteceu há décadas’ e ‘Isso aconteceu há décadas atrás’. A professora logo respondeu que “a primeira é a mais ideal e que a segunda é redundante”. Entretanto, ponderou: “Olha, essa segunda expressão já está sendo aceita em muitas redações de provas de concursos públicos. Eu não aceito isso. As pessoas usam, porque isso já se cristalizou, já caiu no vício, no costume”. Conforme disse o professor Francisco Marino Neto, que também é mestre em Linguística pela Universidade Federal do Ceará (UFC), a procura pelo serviço do Plantão Gramatical tivera aumentado depois da divulgação do Acordo.






“O trabalho diário nos mostra que geralmente as perguntas são as mesmas, mas as de ortografia aumentaram”, revelou. Pode-se perceber isso pelos números correspondentes ao mês de março passado, apresentados por ele. A maior parte dos consulentes (24,02%) queria mesmo resolver questões sobre Ortografia. Em segundo lugar, estavam as dúvidas sobre Sintaxe (17,56%) e, em terceiro, as de Morfologia (13,88%). Fato curioso, nenhuma pessoa ligou para tirar dúvidas sobre Literatura.




No que se refere à acentuação gráfica, a professora Hélia observou: “Muitas pessoas estão generalizando as coisas. Por exemplo, as pessoas perguntam se o acento agudo foi abolido em todas as palavras. Aí, eu vou explicar em quais casos o tal acento não é mais utilizado e em quais palavras ele permanece. Agora, no caso do trema, ele só fica em palavras estrangeiras e suas derivadas, como é o caso de Müller e Bündchen”. Marino, por sua vez, criticou as novas modificações de escrita, argumentando: “O que atrapalha bastante o entendimento é que muitas gramáticas ainda estão desatualizadas e, além disso, não há no Acordo Ortográfico os motivos para as mudanças. Elas apenas estão lá e temos que segui-las”. O professor reconheceu que, não obstante a presença de alguns problemas ocasionados pelas propostas do novo acordo, algumas regras foram criadas para simplificar a escrita gramatical. “Por exemplo, o emprego do hífen. Em palavras separadas por esse sinal, se a última letra da primeira palavra for uma vogal diferente da primeira letra (vogal) da próxima palavra, o hífen não é utilizado. Houve uma facilitação. Mas, em compensação, outros casos ficaram obscuros”, admitiu.




O novo Acordo Ortográfico entrou em vigor em janeiro deste ano, mas conviverá com a atual ortografia até 2012, num processo de transição. Somente a partir de 1o de janeiro de 2013, o Brasil adotará unicamente as novas regras. Desde 1990, Brasil, Portugal, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste, países lusófonos integrantes da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), vêem discutindo essa reforma.




SERVIÇO
O Plantão Gramatical foi criado em 8 de setembro de 1980 por Antônio Agnelo Neves, na época presidente da Fundação Educacional de Fortaleza (Funefor), hoje em dia, IMPARH (Instituto Municipal de Pesquisas, Administração e Recursos Humanos). O serviço, mantido pela Prefeitura de Fortaleza, funciona de segunda a sexta, de 8 às 18 horas, pelo telefone 3225-1979 e conta com oito plantonistas, sendo sete professores de Português e um de Espanhol.



* Esta matéria foi publicada na Singular, edição de junho/2009

O CASO DO SANTO SEM CABEÇA
Arievaldo Viana
João Batista Azevedo dos Santos, conhecido popularmente como Jota Batista, é um dos novos poetas canindeenses de reconhecido talento e de inspirada verve humorística. São de sua autoria dois folhetos bastante curiosos relatando dois fatos distintos relacionados com São Francisco de Canindé. O primeiro refere-se à construção de uma estátua gigantesca de São Francisco, em Canindé e o outro, intitulado A Verdadeira História da Viagem de São Francisco ao Piauí, mexe com o fanatismo religiosos de muitos canindeenses que acreditam que a cidade irá se acabar, caso a estátua milagrosa de São Francisco seja retirada do altar-mor da Basílica.
O primeiro folheto refere-se a um monumento projetado em Canindé, do qual foi concluído apenas a cabeça, ao passo que na vizinha cidade de Caridade-CE, tentava-se construir uma estátua de Santo Antonio, da qual apenas o corpo ficou erguido no topo de um serrote. Deixemos falar o poeta Celso Góes Almeida, que assim se manifestou na apresentação do folheto O Santo do Ano 2001 – São Frantônio, deste inspirado cordelista: “Jota Batista tem revelado, através de seus trabalhos poéticos um infinito senso de humor e irreverência (...) Neste cordel , deixa a marca indelével de seu humor apurado, na composição de versos de dez linhas, onde narra as dificuldades encontradas pelos nossos escultores para a conclusão das estátuas de Santo Antonio e São Francisco (Canindé)”.
Assim começa o irreverente folheto:
“Na vizinha Caridade
Planejaram um monumento
Que ia ser o sustento
Do turismo da cidade
E havendo necessidade
De realizar o sonho
Neste verso aqui exponho:
Depois de tanto bulir
Resolveram construir
A estátua de Santo Antonio.

Que o leitor me acredite
No que agora vou falar
Espero que não se irrite
Também não quero aumentar
A água sumiu na baixa
Sumiu dinheiro no caixa
Sumiu de tudo, seu moço,
Depois da pouca colheita
A estátua só foi feita
Do pé até o pescoço”.


O monumento, projetado em Caridade, (que ficou apenas no corpo) teria dimensões gigantescas, devendo equiparar-se ao Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, e à estátua do Padre Cícero, em Juazeiro do Norte. Canindé, centro de uma das maiores romarias do País, não poderia ficar atrás, por isso resolveu partir para construção de um monumento de proporções similares:

“Seguindo este traçado
E movido pela fé
Houve outro plano bolado
Em nosso bom Canindé.
A idéia é do prefeito
Que assim que foi eleito
Se mostrou bastante arisco
Mal ele saiu do ovo
Já foi prometendo ao povo
A estátua de São Francisco”.

O problema é que a parca verba liberada só deu para concluir a cabeça da citada escultura, vindo daí a justa reclamação do poeta:

“Só não quero que ele esqueça
De fazer o tronco e membro
Se ele esquecer eu me lembro
Nem que ele se aborreça...
Se a estátua ficar de pé
Vem gente pra Canindé
Do campo e da Capital,
Se o restante não for feito
Eu tenho dentro do peito
Uma idéia genial”.

A idéia “genial” engendrada por Jota Batista é colocar a estátua no limite entre os dois municípios. Caridade entraria com o corpo inacabado de Santo Antonio e Canindé com a cabeça de São Francisco. Vejam só o nome escolhido para o novo “padroeiro”.

“Tenho outra idéia melhor
A pagode não me tome
Pra coisa ficar menor
A gente junta os dois nomes
Sacoleja na cumbuca
Balança o corpo e a cuca
Eu to com um medo medonho,
A seca ta nos matando
E o povo está apelando:
- Valei-nos, ó São Frantônio!
O poeta, sem perder o senso de humor, prevê logo uma briga entre as duas cidades, desejosas de saber para que lado ficaria a frente do monumento. Mais uma vez, Jota Batista comparece com outra de suas idéias:

“E para diminuir
O sofrimento do povo
Eu já tenho um plano novo
Esse é bom se discutir
Usando a imaginação
A gente agrada ao povão
E termina com a história,
Acredito que o Bibi
Não se nega a construir
Uma estátua giratória”.

Depois de desculpar-se com os escultores Bibi e Franzé de Aurora, autores das duas obras, Jota Batista resolve penitenciar-se também a Deus e aos dois santos vítimas da brincadeira:

“Minha mente eu não alugo
Peço aqui perdão a Deus
Aos dois santos não expurgo
Isso é apenas versos meus
Não levem a sério o artista
Inda mais Jota Batista
Por causa deste rabisco
De toda fé que disponho
Dou vivas a Santo Antônio
E palmas pra São Francisco”.


Embora não tenha sido muito rigoroso no esquema das rimas, há de se convir que o relato de Jota Batista está calcado no mais fino humorismo, lembrando em certos momentos a verve prodigiosa de José Pacheco e Leandro Gomes de Barros. O caso virou matéria na imprensa brasileira.
* Matéria publicada na Singular, edição de março/2002.



Passando o tempo....