27 de jun. de 2009

O videogame em cima do fato
Quem pensa que os jovens não se interessam pelo noticiário sobre os acontecimentos do mundo, imaginou errado. E uma boa parte da moçada encontrou uma maneira diferente de atualizar suas informações, utilizando-se de uma ferramenta de comunicação digital:

Os newgames. Como também uma forma de protestar contra os desmandos dos governantes.
Esse contato do jovem com a informação, por meio do jogo na internet (quem não se lembra da “sapatada em Bush" – shoes at Bush , ou aquele do jogador Ronaldo correr até perder peso).
Os acontecimentos do cotidiano viraram jogos para computador. Segundo pesquisa, realizada pela Fundação Telefônica em parceria com a Universidade de Navarra, dois em cada dez jovens brasileiros gastam mais de duas horas diárias, jogando videogames.
Clique AQUI e veja, o videogame brasileiro Padre Voador (padre Adelir de Carli, 41 anos, que subiu aos céus, pendurado em mil balões de festa, com gás hélio. Ele saiu de Paranaguá, no Paraná, apesar da chuva, com a intenção de pousar em Prudentópolis, no interior do estado, mas os ventos o levaram para o mar de Santa Catarina. O padre queria voar por 20 horas para bater o recorde de tempo, 19 horas. Foi infeliz, despencou e morreu). No jogo, o jogador deve eliminar obstáculos para que o religioso plane com segurança com seus balões.

26 de jun. de 2009

Ser ou não ser (diplomado), eis a questão


Por José Paulo Cavalcanti Filho em 26/6/2009


Reproduzido da seção “Tendências/Debates” da Folha de S.Paulo, 25/6/2009; intertítulos do OI


Não, o diploma dos jornalistas não acabou. A decisão do Supremo Tribunal Federal, na última semana, limitou-se a dizer que o decreto-lei 972/69 era incompatível com a Constituição democrática de 1988. Mais nada.


E merece elogios – por pretender, esse monstrengo da redentora, exercer o controle do jornalismo a partir do Estado. Era nele que estava, em regra acessória (artigo 4º, V), a exigência de diploma para registro dos jornalistas no Ministério do Trabalho.Ocorre que, tecnicamente, jamais poderia o STF declarar sem valor o decreto-lei e deixar vigendo uma de suas regras. Sem juízo de valor, no julgamento, sobre o dito diploma – que poderá voltar a ser exigido em outra lei.

Apenas isso.


O mais são palavras ao vento. Inclusive as do eminente presidente Gilmar Mendes, que, mais uma vez, expressa opinião pessoal sobre tema que pode vir a ser discutido no Supremo – em vez da reserva que, como regra, a seus ministros conviria guardar em situações assim.
Isso posto, cabe então perguntar se, afinal, esse diploma é bom ou ruim para a cidadania.


Preço do erro


Não há consenso. Divididos, os países, em três posições. Primeiro grupo, o dos que exigem diploma: Bélgica, África do Sul, Arábia Saudita e mais 11 pequenos. Segundo grupo, o dos que não aceitam nenhum tipo de limitação ao exercício da profissão: Chile, Áustria e Suíça, na linha de "um modelo de desregulamentação" absoluto, como defendido pelo ministro Gilmar Mendes.

Duas visões francamente minoritárias, pois.Havendo ainda um terceiro grupo, bem mais amplo, dos países que admitem algum tipo de exigência prévia para o exercício da profissão, segundo padrões culturais não uniformes: idade mínima, escolaridade, ausência de condenação penal, algum curso médio ou superior, curso preparatório específico, estágios compulsórios.


Esse panorama considera só a base legal; um diploma, no mundo real, significa maiores chances de obter emprego e/ou salário melhor.


Na Alemanha, por exemplo, quase nenhum jornal importante contrata quem não tem diploma. Nos Estados Unidos, onde ele também não é exigido, há 400 faculdades, 120 cursos de pós-graduação e 35 doutorados; sem contar que, na média, 80% das Redações são compostas por diplomados.


Maior diferença, entre Redações brasileiras e estrangeiras, é precisamente a quantidade de jornalistas com cabelos brancos: abundantes, nas democracias consolidadas, e escassos, no Brasil, pelo uso indiscriminado de estagiários, lumpens na profissão, mão de obra jovem e barata.


Mas por que jornais, em regra, tanto querem jornalistas diplomados?


A resposta é simples. Por ser dispendioso ensinar, dentro das Redações, a fazer um jornal. E também porque jornalistas aprendem, nas universidades, que errar custa caro.Nos Estados Unidos, com vitória dos demandantes em 75% dos casos, a média das indenizações oscila entre US$ 100 mil e US$ 200 mil dólares.


Propriedade e legitimidade


Com frequência, vai muito além disso. Por exemplo: Leonard Ross x New York Times, US$ 7,5 milhões; Richard Sprague x Philadelfia Inquirer, US$ 34 milhões; Victor Feazel x Dallas Television Station, US$ 58 milhões; Wall Street Journal x Money Management Analytical Research, US$ 222,7 milhões.


Dando-se então que jornalistas formados, por estatisticamente errar menos, valem mais. E ganham bem mais também, claro. Desde que haja leis de imprensa decentes, faltou dizer. O que nunca tivemos –e continuamos sem ter.


Posta a questão em tons técnicos e mais serenos, o que se vê hoje em nosso país é um cenário anormal. Exótico. Porque, em toda parte, são os próprios jornalistas que não aceitam a exigência do diploma, enquanto aqui sua defesa é feita pela Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas). E empresas sempre pedem diploma – enquanto aqui as restrições contra ele partem de um de nossos mais respeitados jornais, a Folha de S.Paulo.


Coisas do Brasil.


Dando os trâmites por findos, assim, cumpre agora esperar por legislação específica do Congresso Nacional – a quem cabe, com mais propriedade e mais legitimidade, estabelecer requisitos para o exercício das profissões. A ele cumprindo, afinal, decidir se o diploma deve ser mesmo exigido.


Ou não.




Encontro de anônimos


O vídeo acima registra uma das mobilizações relâmpagos, sem nenhuma motivação a não ser a diversão e foi um dos hits da semana, no You Tube, e visto 200 mil vezes. A brincadeira é comandada pelo grupo americano Everywhere, famoso por promover flashmods, e que por meio de um arquivo de MP3 são passadas ordens estranhas, como "seguir um desconhecido" ou "pular como pipoca". O grupo reuniu uma multidão de anônimos, em Nova York.


Maracutaias de Lampião

com policiais


Já li livros, revistas, vi filmes, artigos, fiz entrevistas sobre a vida do cangaceiro Lampião e seu bando. Em quase todas as abordagens, a figura lendária de Virgulino Ferreira surge em diferentes adjetivações: facínora, injustiçado social, justiceiro, desafiador da ordem pública, inimigo dos poderosos, corajoso, rebelde...Enfim, um corolário de personificações.

Muito trololó.

Em 1972 (à época eu trabalhava como repórter especial do jornal Diário do Nordeste), entrevistei o pesquisador Napoleão Tavares Neto. Ele estava concluindo uma pesquisa sobre Benjamim Abraão, o único cinegrafista que filmou e fotografou cenas do bando do cangaceiro e seu grupo.

Napoleão falou-me sobre uma abordagem até então inédita, pelo menos, para mim: Lampião não era “caçado” pelas volantes (ação policial), coisa nenhuma.
O bandido mantinha, mesmo, era pacto com os policiais para manter as “perseguições” por tempo indeterminado. Tal artinha servia aos dois lados: as volantes, trabalhando dentro das caatingas rendiam gordas diárias pagas pelo governo aos policiais. E Lampião continuava solto, com fama de valentão, fazendo e acontecendo por onde andava. Menos em Mossoró. Mas, isso é outra história.

As pesquisas do professor Napoleão, de certa maneira, desmistificaram a figura do Rei do Cangaço.

O personagem principal deste viés de personagens consagrados na historia do Nordeste, o sírio-libanês Benjamim Abraão teve uma participação ativa nesse enredo.
Benjamim, quando chegou em Juazeiro do Norte, no começo do século passado, “caiu nas graças” do Pe. Cícero Romão Batista, outra figura lendária na memória nordestina. Foi secretário do padre durante algum tempo, até a chegada na Meca do Cariri de um outro forasteiro, o baiano Floro Bartolomeu (que tornou-se, depois, a pessoa mais influente sobre o pensamento e ações políticas do Pe. Cícero). Floro detonou Abraão, seu concorrente diante do religioso.

Desprestigiado, sem as benesses do poder, o gringo teve que se virar para viver. Foi ser mascate e fotógrafo (com a máquina que antes utilizava para fotografar o padre Cícero e seus visitantes).

Nesse enredo, eu coloco um outro personagem: Adhemar Albuquerque, fundador da Aba Film, e que naquela época andou por Juazeiro do Norte, fotografando e filmando Pe. Cícero. Abraão propôs a Albuquerque registrar imagens de Lampião, nas caatingas. De imediato o acerto foi feito. Abraão passou a utilizar os equipamentos de Albuquerque (uma máquina fotográfica Box Tengo, a filmadora, modelo Kinamo Zeiss com capacidade para 23 metros e muitos filmes).

Um detalhe: Lampião gozava de prestígio junto ao Pe. Cícero (o motivo: os dois fizerem um pacto, no qual o padre acolhia, em Juazeiro do Norte, todos os familiares do bandido que moravam em Serra Talhada (PE) e em contrapartida, Lampião não invadia território cearense).

Daí a facilidade de Abraão se aproximar do cangaceiro.

Segundo pesquisou o professor Napoleão Tavares, Abraão tinha o intuito de ganhar muito dinheiro com a produção de filmes e fotos do “temível” Lampião. E passou a acompanhar o bando e vendendo fotos para a revista carioca Noite Ilustrada.

Benjamim conviveu com Lampião, durante meses. Morreu, em 1938 (por coincidência o mesmo ano da morte de Lampião, por meio de emboscada policial).

Alguns pesquisadores da vida de Benjamim não aceitam a versão de assassinato (50 facadas) por motivos passionais. Acreditam que foi “queima de arquivo”, pois ele sabia demais sobre o cangaço e do envolvimento de coronéis e subordinados, policiais de Pernambuco e Alagoas, com o Rei do Cangaço.

Um derradeiro detalhe: a maracutaia de Lampião com os policiais só acabou, porque com a decretação, pelo ditador Getúlio Vargas, do famigerado Estado Novo, em 1937, uma das providências era exterminar qualquer grupo comunista, ou qualquer outro contrário ao regime... Para a ditadura Vargas, Lampião se enquadrava no perfil dos “nocivos aos bons costumes”.

E, rapidinho foi eliminado, no dia 28 de julho de 1938. Em dez minutos, a tropa, comandada pelo tenente João Bezerra, “liquidou a fatura”, na fazenda Angico, em Sergipe. Lampião, Maria Bonita e nove cangaceiros foram mortos e tiveram suas cabeças cortadas.

É isso aí.

25 de jun. de 2009

Aos meus diletos amigos
de Quixeramobim


Euclides da Cunha foi buscar o mais importante personagem de sua principal obra, Os Sertões - Antonio Conselheiro -, em Quixeramobim. Chico Buarque cita, na música Até o fim:" Mamãe contou que eu faço um bruto sucesso em Quixeramobim". O poeta Manuel Bandeira passou uma temporada, para tratamento médico. O arquiteto e compositor Fausto Nilo nasceu lá. Terra de Marum Simão, um apaixonado pelo seu torrão natal, e que certa vez disse: "Quixeramobim, cidade altaneira de passado de glória, presente de progresso e futuro de esperança".
Na, na verdade, o que o quero mesmo é homenagear alguns amigos meus nascidos no mais antigo município cearense do Sertão Central.
O Bigode,dono do bar, na Cidade 2.000, ponto de encontro da moçada; O Ricardo Machado, frequentador contumaz, juntamente com o Camelo.
Com vocês, o Carro Velho:



O jardineiro é Jesus...

Esse vídeo, um dos clássicos do You Tube, é genial...



Vexames na TELINHA

Vexame grandão na TV, e bota grandão nisso, é o que acontece quando apresentadores erram o texto, ficam embaralhados, arregalam os olhos, gaguejam, ou assumem cara de paisagem, devido a problemas técnicos...

Ou pisam na bola, por singela ignorância.

24 de jun. de 2009

Pegadinha da cacofonia na televisão

Só pra sacanear com apresentadores de televisão, em programas ao vivo ou em transmissões esportivas, alguns gaiatos preparam pegadinhas, utilizando-se da cacofonia (que é o encontro de sílabas de duas ou mais palavras, provocando o surgimento de um termo de som inconveniente ou obseno). A armação acontece, mais ou menos, assim: durante o programa, um telespectador manda uma mensagem, um comentário para serem lidos pelos apresentadores. Só que o autor ou autora da mensagem tem “nome” fictício, por exemplo “Paula Tejano” que lido fica “pau latejando”, ou “Tomás Turbando” o que provoca a cacofonia "tômasturbando"...


Olha aí, o narrador Luís Roberto,da Globo, lendo um recado da "Paula Tejano"



RJ- TV - Rio Sul



E o "Tomás Turbando" esteve, também, "perguntando" na TV Diário



Ora, ora, minha gente. Qualquer um pode cair, numa pegadinha dessa, sem querer. Até Luís de Camões, o poeta de Os Lusíadas, no seu soneto Alma minha, caiu na esparrela do cacófato "maminha".

Singular nas ondas do rádio

Hoje, vivi um dos momentos mais supimpas desta minha vidinha profissional: ouvi reportagens da Singular radiofonizadas, na Rádio Universitária FM 107,9, durante o programa Todos os sentidos, comandado por Henrique Beltrão.
Estive lá, no estúdio, dei entrevista sobre a nova fase da Singular, agora dirigida, também às pessoas com deficiência visual, publicando edição em Braille.
O que aconteceu: as produtoras do programa, as estagiárias Iara Moura e Lorena Araújo transformaram em linguagem radiofônica as reportagens, publicadas na edição mais recente da Singular impressa. A primeira sobre o jogador Quarentinha, outra sobre o Plantão Gramatical e a crônica sobre o cantor Wilson Simonal.
Ficou lindo o que o Henrique, a Iara e a Lorena fizeram.
No decorrer do programa, intercalando as matérias, falei da minha vida como jornalista, da nova versão da revista para o Braille, do cotidiano da Singular. Também respondi perguntas dos ouvintes.
O programa Todos os sentidos existe há mais de seis anos, e é dedicado às pessoas com deficiência visual, como também a outras que sofrem de enfermidades e que têm o rádio como um dos principais divertimentos.
Momento sublime, o que passei nessa tarde chuvosa de quarta-feira.
E depois, ainda fui entrevistado por uma equipe da TV Cidade que soube da edição em Braille, da Singular, e foi lá, na Rádio Universitária, conversar comigo.
Hoje, sinto que vou dormir, mais feliz. Cá pra nós, também com uma ponta de vaidade.
Em São Paulo


Estudantes de jornalismo fazem protesto
Em vários Estados, estudantes de jornalismo organizam manifestações contra o fim da obrigatoridade do diploma de jornalista - decisão do Supremo Tribunal Federal. Os protestos foram realizados na segunda-feira (22/06) no Rio de Janeiro, Brasília, Teresina e São Paulo.

No Rio de Janeiro pedem a regulamentação da profissão, uma das faixas dizia: “Só o diploma de jornalista garante qualidade de informação. É melhor para a sociedade”. Já em Teresina, o deputado Fábio Novo apoiou a manifestação dos jornalistas, defendendo o diploma para exercer a profissão.
Alô estudantada, profissionais de jornalismo, Sindicato da categoria, ACI vamos às ruas, também!!!!


No Piauí
s

A novela dos meus olhos
Há mais de dois meses que, juntamente com a minha filha,a dedicada Eliégia, peregrino por consultórios oftalmológicos da cidade.
Pense, caro internauta, que odisseia!
O primeiro médico aloprou, sem pestanejar: após um rápido exame, prescreveu um par de lentes, e que segundo o seu dignóstico, resolveria os meus problemas: estrabismo (esotropria) e catarata. Isso resultou num olhar clínico vesgo e dinheiro gasto em vão, pois ao testar os óculos, lá na ótica, estava na cara, literalmente que o problema continuava.
Fui ao segundo médico, tendo ele diagnosticado, que inicialmente eu seria submetido a uma cirurgia de catarata, no olho direito. Um detalhe, o meu plano de saúde pagaria a despesa do procedimento médico e mais uma lente a ser introduzida no globo ocular. Segundo eu soube que a tal lente, de fabricação nacional, não inspira confiança, a partir do preço (em torno de 140 reais). A secretária do tal médico, antes da cirurgia, fez uma demonstração das qualidades dos tipos de lentes importadas. E vendidas onde? Claro, na própria clínica. Preocupado e induzido, comprei a que custava dois mil reais. Detalhe: preço intermediário.
Após realizada a cirurgia, por sinal um sucesso, voltei, quinze dias depois, para a revisão. Qual a minha surpresa: o médico, rapidamente, já foi logo, logo, marcando uma outra cirurgia, desta feita no olho esquerda.
Vixi! Antes da cirurgia do olho direito, o mesmo especialista havia dito que os sintomas da catarata no olho esquerdo eram iniciais, e que, só num futuro a solução seria operá-lo. E o problema do estrabismo ainda não seria resolvido.
Mudei de médico.
Lá eu, de novo, fazendo, pela terceira vez, a tradicional leitura das letrinhas. O mais espetacular é que eu estava enxergando melhor com o olho não operado. Milagre!!! E o terceiro médico disse mais: não havia necessidade da cirurgia de catarata a qual fui submetido, pois segundo ele, tal procedimento só é praticado em pacientes com mais de 66 anos. No meu caso, ainda tenho que passar por vários janeiros.
“Tudo como d’antes no castelo de Abrantes”. Teria que começar tudo de novo.
Fui ao quarto médico, especialista em esotropia. Novamente, lá eu, mais uma vez, tentando ler letrinhas dos mais variados tamanhos (caso minha Carteira de Habilitação estivesse vencida, certamente, eu iria para o teste de visão, já bastante exercitado). Diagnóstico: lentes para estrabismo não iria resolver o problema.
Encaminhou-me a um outro homem de jaleco branco, neurologista, para avaliar alguns nervos do meu quengo. E posteriormente ser submetido a uma nova cirurgia, agora por conta do estrabismo.
Conclusão que faço sobre esse enredo de novela ocular: seria mais prático, e baseado num procedimento responsável, se o primeiro oftalmologista tivesse determinado todo esse encadeamento de ações médicas.

Estou gastando tempo, dinheiro e paciência.
O mais pitoresco dessas andanças, é que por onde tenho passado, enquanto espero para ser atendido (e como demora), venho observando um detalhe interessante, além das revistas antigas à disposição: o volume de som dos aparelhos de televisão é, praticamente inaudível.
Também percebi contrastes: alguns consultórios exibem vistosas TVs plasmas, outros possuem aparelhos tão antigos, sem antena, que um pedacinho de bombril, com certeza, melhoraria a percepção daqueles que estão ali, exatamente por problemas de visão.
E a novela continua...

23 de jun. de 2009




Carmen Monarcha

Ricardo Machado, meu amigo, proseador contumaz do bar do Bigode, enviou-me e-mail, indicando uma belíssima interpretação musical, pouco divulgada, no Brasil:
“ESTA É UMA HORA QUE DÁ ORGULHO DE SER BRASILEIRO.
Johann Strauss Orchestra é dirigida pelo maestro e violinista holandês Andre Rieu. É, talvez hoje, a melhor orquestra do mundo. Suas apresentações são simplesmente maravilhosas, atraem verdadeiras multidões.Neste vídeo, Carmen Monarcha, brasileira nascida em Belém do Pará canta Ave Maria, de Bach.
Ela começou a estudar canto com sua mãe, a Mestra pela UFRJ, Marina Monarcha, em 1996. Por três anos (2002-2005) foi solista da Cia. Johann Strauss Orchestra, fazendo turnês por mais de 15 países na Europa, América do Norte e Ásia, gravou seis cds e seis dvds ao vivo, apresentando-se também em mais de dez concertos com transmissão televisiva ao vivo para toda a Europa.Apresentou-se para audiências de até 25.000 pessoas, em lugares memoráveis como o Walbühne, em Berlim; International Fórum Hall, em Tóquio; Bercy, em Paris; Forest National, em Bruxelas; Fox Theater; em Saint Louis e Detroit, Skydom, em Toronto,
Bell Center, em Montreal, e, também, em outros locais. Quase ninguém escuta falar sobre o seu nome aqui, no País.
Apreciem e divulguem Carmen Monarcha”.

22 de jun. de 2009


MEMÓRIAS
A recuperação da fonte

A
reprodução (acima) é de uma notícia, divulgada há 30 anos, e orgulha um grupo de pessoas, dentre elas, estou incluído. O negócio é o seguinte: a Prefeitura de Fortaleza cometeu uma das maiores barbaridades contra o patrimônio histórico e artístico,
quando a belíssimo fonte luminosa, importada da Alemanha, foi arrancada dos cruzamentos das avenidas 13 de Maio com Universidade, a golpes de picaretas.

Os pedaços da obra foram jogados no antigo depósito da Sumov, no bairro de Monte Castelo. Após denúncia que fiz nas páginas do O Povo (à época eu era editor de Cultura), foi formada uma comissão, convidada pela Prefeitura, para acompanhar os trabalhos de restauração do monumento. Lá no local, a comissão (composta pelos escultores Zenon Barreto e Honor Torres, Luciano Barreira, da Fundição Bandeira, o restaurador Gilberto Brito e eu) constatou que um arremedo de restauração havia começado e abandonado. Pois, o falso restaurador usou (pasmem!) no serviço: paus, cordas e gesso.
Foi feito um minucioso levantamento pela comissão do que restou da fonte e entregue à Prefeitura. Só que a municipalidade não executou o serviço. Tempos depois, o Banco do Nordeste encampou a ideia, contratou restaurador, e finalmente a peça artística foi devolvida à população.
Hoje, ornamenta a praça ao lado do Centro Cultural do BNB.

A fonte luminosa foi adquirida, em 1929, pelo prefeito de Fortaleza, Álvaro Weyne, à uma firma alemã, Herms Stolts, de Hamburgo, e inaugurada no ano seguinte, na praça da Lagoinha. Anos depois, a fonte foi retirada da praça da Lagoinha e instalada na praça da Faculdade de Direito. Posteriormente, no cruzamento das avenidas 13 de Maio com Universidade.
E lá foi onde aconteceu a desgraça, aqui relatada.


Danilo Gentili continua azucrinando

Além de ser um dos principais integrantes do programa Custe o que custar (CQC), da Band, o repórter-humorista Danilo Gentili é foco, constante, de reportagens na mídia. A edição desta semana da revista Veja traz uma matéria, Ele põe fogo no circo, sobre suas sátiras, azucrinando os políticos, no Congresso Nacional. A Singular o entrevistou, logo no início da carreira dele, no ano passado, no mesmo programa.
No papel de um repórter destrambelhado, Gentili, 30 anos, desconcertou muitas celebridades com suas “entrevistas” abobalhadas. Naquela época, ele entrou no CQC, quando o programa estreou, para uma participação temporária, mas acabou efetivado, graças ao sucesso do quadro do Repórter Inexperiente.
Vejam trechos da entrevista, publicada na edição da Singular de outubro - 2008:

Você esperava essa enorme repercussão do seu personagem Repórter Inexperiente, no CQC? Na elaboração dele, você pensou em satirizar certos tipos repórteres jovens ou novatos?

Não esperava nada. Apenas fui lá e fiz. Também não planejei muito. O Repórter Inexperiente foi algo assim, como eu fui pro meu pai e minha mãe. Aconteceu e agora vou ter que lidar com isso.

Dos “ícones”, como o Repórter Inexperiente qualifica, qual deles foi o mais surpreendente nas respostas e nas atitudes?

Todos me surpreenderam. Cada um tinha uma reação, e eu tinha que brincar com ela. Não dar pra qualificar. Um foi bem diferente do outro.

Na entrevista com o padre Marcelo Rossi, você recebeu da assessoria de imprensa dele uma lista com perguntas que não podia fazer. E você fez alguma fora do previamente determinado?


Fiz. Perguntei a ele: “padre Marcelo, se padre não faz sexo, qual o problema do padre ser gay? O pessoal da assessoria de imprensa dele, que acompanhava entrevista falou: “Para, para, não pode falar isso?

21 de jun. de 2009

Vinganças do ministro Gilmar

Vitor Hugo Soares

Ninguém segura o gênio e o ego do ministro presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes. O ministro Joaquim Barbosa, único a arriscar-se na tarefa audaciosa de alertar o comandante da Suprema Corte e o País para a nudez da majestade, parece fora de combate ultimamente. Motivos de saúde o estariam impedindo de comparecer a julgamentos polêmicos e cercados de holofotes, a exemplo do que extinguiu a obrigatoriedade de diploma de nível superior para o exercício profissional do Jornalismo.
Mendes reinou como senhor quase absoluto da Corte. A unanimidade foi quebrada apenas pelo voto solitário e até meio tímido (neste caso) de outro ex-presidente do STF, Marco Aurélio Melo. Ainda assim, Marco Aurélio lembrou que a exigência do diploma acadêmico de jornalista, execrado ultimamente como o mais vil dos "detritos da ditadura", existe há mais de 40 anos. Nesse largo tempo, quase uma vida, várias gerações ralaram nos bancos das faculdades de Jornalismo (boas ou precárias) para obter o canudo que permitiria concretização do sonho profissional.
Obrigatório, pela lei, mesmo para quem sempre combateu a ditadura (e sofreu em certos períodos conseqüências mais drásticas como a perda de liberdade física e de expressão), a exemplo do redator destas linhas, que agora se remói de culpa, diante dos discursos de tantos corajosos arautos da liberdade de imprensa que proliferam por todo canto nestes dias de confusão e geléia geral. Ainda bem que o ex-presidente do STF, em seu voto, defendeu "que o jornalista deve ter uma formação básica que viabilize uma atividade profissional que repercute nas vidas dos cidadãos em geral". Menos mal, consola um pouco, apesar da goleada de 8 a 1 a favor da tese vencedora de Mendes.
Encerrada a sessão, o supremo comandante do Supremo correu para os abraços. Dias antes, na entrevista concedida à revista semanal Isto É, ele já havia demonstrado que não está para brincadeiras, vaias muito menos. O ministro afirmou na conversa com os repórteres Octávio Costa e Hugo Marques, que é alvo de um movimento organizado, por contrariar interesses. "Muito provavelmente até remunerado, pois em geral imprimem panfletos", atira o ministro sem identificar o alvo, na matéria editada em três páginas de texto, ilustrada com uma foto emblemática do presidente do Supremo, em pose imperial, sentado na sua poltrona.
No Jornal da Globo, começo da madrugada da quinta-feira, horas depois de vencer a "batalha do diploma", o presidente do STF, imponente, falava com o repórter Heraldo Pereira, em Brasília. No espaço chamado de Pinga-Fogo - em geral dedicado à discussão de tema polêmico do dia onde o contraditório é sempre parte essencial -, Mendes discursou sozinho. Quando o repórter lembrou o voto contrário do colega Marco Aurélio, o chefe da Suprema Corte fez ouvidos de mercador. Esperou a bola baixar antes de fazer novo arremate.
Na Isto É, depois de lançar farpas a torto e a direito na direção dos críticos em geral, aproveitou para bater com vontade no ministro Joaquim Barbosa, ao responder a pergunta sobre o conselho para ouvir a voz das ruas: "São gladiadores da opinião pública. Repito: essa tese de a Justiça 'ouvir as ruas' (defendida por seu desafeto maior no STF) serve para encobrir déficits intelectuais. Eu posso assim justificar-me facilmente, não preciso saber a doutrina jurídica. Posso consultar o taxista", ataca Mendes.
Bem na linha da tese do cozinheiro, utilizada pelo presidente do Supremo no caso do diploma. "Um excelente chefe de cozinha certamente poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima o Estado a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área", disse Mendes na plenária desta semana. Comparação tão simplória e genérica, que mais parece estocada política e vingativa, destinada a ferir seus críticos, que argumento consistente e isento de um jurista no exercício do mais alto cargo da magistratura brasileira.
No denso ensaio "Anatomia do Ódio", o jornalista e advogado Joaci Góes constata que muita gente tem prazer em sentir ódio. "Em compensação pela colheita negativa que isso pode acarretar, essas pessoas são tomadas por um sentimento, momentâneo embora, de inebriante poder, ao darem plena vazão catártica ao desejo destrutivo de agredir e retaliar derivado do ódio. Além do prazer, a liberação do sentimento pode alterar a situação que deflagrou o conflito, em caráter temporário na maioria das vezes. Ambos os efeitos, porém - o prazer sentido e a mudança operada - insustentáveis em médio e longo prazos-, são de curta duração", diz o escritor a linhas tantas de sua obra de leitura sempre oportuna e recomendável.
Jornalista e advogado (com diploma nas duas profissões) estou rezando para que a razão esteja com Joaci, o mais novo imortal eleito para a Academia de Letras da Bahia. Amém.

Vitor Hugo Soares é jornalista (diplomado pela UFBA). E-mail:vitor_soares1@terra.com.br

* Publicado no Blog do Ricardo Noblat (21.06.09)